domingo, 31 de octubre de 2010

Entre templos e abacaxis


(Corta e volta pra nossa última cidade no Cambodia: Siem Reap)

Ultimamente nossa vida estava assim: onde o tuk tuk nos deixasse, ali ficávamos. Até que os hostais indicados por eles (que deviam ganhar uma boa comissão por isso) não eram maus, os preços eram negociáveis (após a ameaça de ir procurar outro lugar, quando a gente já estava saindo pela porta), tinham internet (nem que fosse na recepção) e eram sempre no centro, a uma caminhada curta de lugares para comer, mercados, etc.

Mal chegamos à tão esperada Siem Reap e, na frente de um mercadinho, um motorista de tuk tuk nos aborda, fazendo a pergunta de sempre (where do you want to go?) e a gente dá a respota de sempre (a nenhum lugar!) – malditos tuktukeros que passam o dia inteeeeeeiro falando “tuk tuk? Tuk tuk?” pra todo mundo. Se existisse uma camiseta  com o escrito “NO tuk tuk” eu juro que compraria. Em Siem Reap era mais engraçado ainda porque, depois de um “tuk tuk?”, às vezes eles vinham com “marijuana? women?”,  ou o que você imaginar. Mas tudo amigável, nada forçado. A gente não gosta, mas se acostuma. E o tal do tuk tuk veio com o papo que o Camilo já tinha me contado antes: ele queria levar a gente pra 2 lojas na cidade. A gente só precisaria entrar, olhar, perguntar o preço de algumas coisas pra mostrar interesse, e pronto. O motorista ganharia 1 litro de gasolina grátis só com a nossa singela ajuda. Eu aceitei porque sabia que a prática era normal, e também porque, como tinha acabado de chegar, seria um “mini sightseeing” gratuito – e ainda fazendo a boa ação pro tuktukero. Fomos, voltamos, claro que ele tentou negociar com a gente pra levar-nos pros templos no dia seguinte, mas a gente já tinha decidido que ia de bicicleta, no nosso ritmo, sem depender de ninguém. 

No primeiro dia resolvemos fazer o circuito pequeno sem entrar em Angkor Wat. Explico: muita gente nos disse que fazer Angkor Wat já no primeiro dia ia tirar a graça dos outros templos, já que ele realmente é o mais imponente. Então fomos pedalando até a bilheteria (não é pertinho assim, foram mais de 20 minutos de pedalada, e depois dali outros 20 pra chegar no primeiro templo, mas como tudo é reta, fazia um sol lindo e a gente tinha água, fomos felizes e contentes). Lá eles fazem o passe de 3 dias (um dia custaria 20 dólares e 2 ou 3 dias custaria o dobro, ficamos com o de 3 dias pra ver tudo com calma, o que foi uma boa pedida) personalizado com seu nome e sua foto! Mas a foto eles fazem na hora, não precisa levar de casa.


Visitamos algum templo pequeno até chegar no Bayon, o templo das caras. Muito impressionante ver todas aquelas caras, perfeitas, iguais, sendo que as pedras são apenas encaixadas uma na outra, sem argamassa, sem juntas, pesadíssimas. Dizem que as caras são semelhantes à cara do rei que mandou fazê-las....e dentro da maioria dos templos adivinha o que a gente encontra? Buuuudaaaas, of course :)
Daí no complexo do Bayon tem o Terraço dos Elefantes, cujas paredes têm (adivinha!) elefantes em relevo perfeitos. Há paredes todinhas trabalhadas em relevos. Eu nem imagino quanto tempo esse pessoal gastou para entalhar pedra por pedra e fazer detalhes tão...detalhados!

Em alguns casos você também encontra deusas gregas dentro de molduras :P

O fato é que saímos dali super impressionados já....e se diziam que Angkor ia ser ainda melhor...eu na verdade não conseguia imaginar algo melhor que o que vimos! A não ser o vendedor de abacaxi geladinho que nos abordou na saída, oferecendo a iguaria delicadamente cortada (ou esculpida) e com um palitinho pra gente matar a sede. Ficamos comendo abacaxi (um costume que acabamos repetindo todos os dias, várias vezes por dia) e vendo os cisnes deslizando no laguinho na frente do templo... 
Vários outros templos nos impressionaram nesse primeiro dia, principalmente os que tinham escadas curtinhas e bem íngremes que, por parecerem bem chatas de subir, nos davam ainda mais vontade! Mas o campeões, depois de Bayon, sem dúvida foram os templos em que a força da natureza tomou conta. As raízes das árvores cresceram no meio das paredes, na frente das janelas, criando um espetáculo surreal e imponente.



Daí vinha inevitavelmente a parte triste: as estátuas sem cabeça (são a primeira coisa a cair, porque o pescoço não sustenta uma cabeça) e as milhares de pedras caídas...alguns tetos estavam pela metade, e as pedras ali no chão. Você olhava pro teto e via perfeitamente o encaixe que eles usavam, impressionante.
Depois a gente foi ver um pôs do sol meia-boca no templo de Phnom Bakeng,e fim. À noite ainda saí pra tomar uma cervejinha com um belga que conheci no hotel, já que o Camilo não bebe, a gente se vira como pode....

O segundo dia foi muito quente, então a gente foi se arrastando visitar Angkor. Que era sim, gigante, com paredes agradáveis (na sombra!!), vários quintais interiores, corredores infinitos, bem legal. Ele é diferente do Bayon e do das árvores (Preah Khan), impõe pelo tamanho. Passamos um bom tempo ali. Uma multidão, uma criançada, gente que resolve levar a vó de bengala pra subir e descer as escadinhas do templo....vai entender. Mas merece, é bem impressionante. E a vó de bengala que aguente o calor e o exercício! ;)



Vimos depois outros templos mais longos e não altos, com árvores dominando alguns, e voltamos pedalando. Eu levei um tombaço da bicicleta (culpa do guidon torto) e, mesmo mandando, ainda fui ver o por do sol em Angkor.
E no dia seguinte, o grande dia: acordei às 4 da madrugada, pedalei sozinha até o templo no escuro (o Camilo amanheceu com febre e ficou no hotel), só enxergava alguns trechos da estrada até lá quando os tuk tuks passavam e iluminavam o caminho...entrei no templo totalmente escuro, bem macabro! E me posicionei junto com algumas pessoas na frente do laguinho do lado esquerdo, pra esperar o nascer do sol. E ele foi nascendo...e eu fiquei horas ali, só admirando....pra fechar com chave de outro o Cambodia! Foi perfeito! (e eu prometo não me empolgar nos próximos posts e escrever tanto assim....acho que tinha ficado tanto tempo sem escrever que exagerei! Sorry!!)


Cinema na ilha


Acabo de voltar de uma sessão de cinema em Koh Tao. Sim, aqui é genial, toda noite passa filme em 2 ou 3 bares diferentes, um às 19h e outro às 21h. É só chegar e sentar. Hoje eu vi o Querido John, que filme mais lindo! Só tinha mulher  assistindo (o filme anterior foi Sex and the City 2), mas eu adorei a idéia. Bom para quem não “precisa” pasar todas as noites bebendo em bares (sinceramente eu já passei dessa fase), e prefere algo mais cultural. Querido John é lindo, me lembrou as épocas sem internet nos idos de 1995, principalmente quando eu morei na Finlândia, em que eu escrevia longas cartas o tempo todo, e esperava ansiosamente receber as respostas. É o que conta a história desse filme. Só assim duas pessoas que moravam longe uma da outra podiam viver contentes, contando suas histórias e esperando pelo desejado reencontro um ano depois. Foi uma boa fase!

Aliás, varias coicidências aqui em Koh Tao me remetem à Finlândia. Primeiro, a minha instrutora de mergulho, de Kerava, mesma cidade onde morei.  Agora esse filme com essa história. Eu adoro isso!
Desculpem a grande ausência, mas desde que entrei na Tailândia simplesmente não consegui encontrar tempo parta sentar e escrever. Os días têm sido intensos, tem dias que não quero fazer nada, só ler e ver o mar. Às vezes dividir quarto te obriga a passar tempo com as pessoas (e a gente só ganha com isso), às vezes a luz é ruim, às vezes você está se recuperando da Full Moon Party, essas coisas (agora estou num quarto só para mim, com o meu ventilador e minha caminha, e minha luz, e posso fazer o barulho que quiser que não vou acordar ninguém, ueba!). Tinha vezes que, porque as pessoas que estavam viajando comigo só queriam ficar na internet o tempo todo, sem  ao menos dar um dedo de prosa para quem estava na sua frente, e eu, em sinal de protesto, simplesmente passava longe da internet, para provar como o mundo às vezes é melhor sem  ela (pelo menos as pessoas falam mais, fazem mais companhia umas às outras e aprendem, ensinam, trocam experiências). 


Vamos ver se eu consigo ir me organizando aos poucos e colocando a casa em ordem, afinal este é o meu diario também, e eu vou querer lembrar de cada passo que dei nesse caminho asiático.

A propósito, o por do sol hoje esteve fantástico….


Aproveitando o embalo do post, ontem choveu o dia todo e eu só escrevi, comi e dormi. Então às 19h fui dar minha caminhadinha pra ver quais eram os filmes da noite e não é que ia passar A Praia? Ainda não terminei o livro, mas já passei da metade, e como pra mim não faz diferença em ler o livro antes ou depois de ver o filme (já fiz as duas coisas), entrei pra ver. Claro que eles mudam várias coisas, inventam trechos pra que o filme fique mais “emocionante”, mas o Leo di Caprio combina bem com o papel (novinho!) e a tal da praia é mesmo linda. E foi legal ver o clima de Tailândia no filme, a Khao San Road, as pessoas na festa em Koh Panghan...e tinha um baita de um Rotveiller que ia de pessoa em pessoa deitada pedir carinho....bem, agora que já sei o final, eu quero terminar de ler o livro pra ver o quanto este final foi mudado. E pronto, agora quando me perguntarem se já vi o filme, posso dizer que sim, e que o vi ao lado da praia, ouvindo o barulho das ondas, acompanhada de um pineapple shake, um rotveiller e vários gringos.

lunes, 11 de octubre de 2010

Quando o barco é o que menos importa

Este blog é pra contar coisas interessantes e algumas idéias que tenho tido nessas andanças, e não fazer um passo a passo da minha viagem.Porque, como toda viagem, há coisas menos interessantes que outras, e eu não vou ficar lotando essas linhas de histórias desisnteressantes...combinado? :)

Então corta Laos e entramos no Camboja. Sim, it's a Holiday in Cambodia, como já cantavam os Dead Kennedy's quando eu tinha uns 16 anos e ainda ouvia muito rock... Passei por Vientiane, fomos a Pakse, a 4 Thousand Islands, sem emoções enormes, e pegamos o ônibus que cruzaria a fronteira pro seguinte país e nos deixaria sãos e salvos em Phnom Penh. Claro que o ônibus quebrou no caminho, e paramos na estrada para ele ser consertado, mas nao teve jeito: a peça que quebrou essa vez era a que mantinha o ar condicionado funcionando...então continuamos a viagem "sudando como pollos" (adoro essa expressão espanhola), lendo livros, vendo itinerários, normal.


Phnom Penh foi bem interessantes, fomos ver os "killing fields", um lugar afastado da cidade onde mataram um monte de gente no regime do tal do Pol Pot. E depois fomos ver uma escola que foi transformada em presídio e lugar de tortura dessas pessoas. Bem pesado. O palácio real e a Silver Pagoda são bem lindos....mas vocês querem emoção? :-) Achei super interessante o programa noturno dos cambojanos: eles se reunem nas praças da cidade, colocam um auto-falante com música nas alturas e...dançam!!! Não parece aula grátis de aeróbica nem nada, simplesmente há algumas pessoas na frente liderando umas coreografias, e o resto do povo simplesmente segue. E todos sabem perfeitamente as coreografias, então eu acho que eles vão todas as noites dançar as mesmas danças. Achei super saudável, quase um flash mob diário. Os vídeos não ficaram lá aquelas coisas, mas aqui dá pra ver eles dançando e os carros passando na rua (super normal) e aqui dá pra ver as silhuetas das pessoas e suas coreografias. Adorei!!! Meu programa noturno com o Camilo (quando eu conseguia convencê-lo a não voltar pra frente do computador) era comprar milho cozido (adoro!) e ir sentar pra ver as pessoas dançando. (os vídeos ainda não estão disponíveis; culpa do Youtube. por favor, volte mais tarde porque valerá a pena vê-los!!)

 A parada na cidade de Battabang foi interessante, fui conhecer o trem de bambu, uma engenhoca que ainda funciona...mas se vem outro vagão de bambu na direção contrária, um dos dois precisa ser desmotando e sair da pista para que o outro possa passar. Foi interessante! E em 2 anos parece que já não haverá mais isso, e sim uma linha de trem normal, grande e sem graça. Quem andou no trem de bambu andou, quem não andou...não anda mais! 

E daí vem aquela pergunta: como ir a Seam Reap, nosso grande e esperado destino no Camboja...de ônibus por 3 horinhas ou de barco por 8 horas? :-)

Claro que escolhemos o barco. Chega de ônibus, né? Estamos achando o Camboja super caro em relação ao Laos e ao Vietnã, e o tal passeio de barco não ia fugir da regra. Ele custou 16 dólares por pessoa (só o barco, sem incluir almoço nem nada), e achávamos que ia ser um barco bem legal, confortável....até que chegamos hoje de manhã  ao píer, e vimos um barquinho minúsculo, cheio de gente, criança e sacos de arroz (até tiveram que subir 2 deles pro teto pra dar lugar pra gente), que era o tal barco a Siem Reap...decepção geral, mas não tinha muito o que se fazer. Cada um no seu lugar e zarpamos....

Não é a primeira vez que começo um passeio com uma sensação esquisita de não ter recebido o serviço certo pela quantia que paguei, mas depois de trocentas horas dentro do barco, com certeza valeu a pena! Quando me disseram (e li no guia) que o passeio era inesquecível, eu imediatamente pensei que fosse pelo barco legal, bonito, com banheiro (não era nada disso)...mas na verdade um passeio, pra ser inesquecível, precisa ter todo o resto: as casas e vilas flutuantes que vimos....as escolas e a polícia flutuante...a correia do barco que quebrou e nos obrigou a parar em umas oficinas mecânicas flutuantes pra achar a correia com o tamanho ideal...o vendedor de picolé que vinha até o barco (e vendeu pra caramba!)....mil sacos de arroz espalhados entre a gente...igarapés....o pior banheiro que fui na vida (praticamente um lugar entre 4 paredes de madeira que deveria estar suspenso na água, mas ele estava no nivel da água...nem imagine o resto!)...pequenos canais, um rio que desembocava num lago imenso....pra um passeio ser inesquecível ele precisa ter tudo isso, menos o barco....o barco é, de longe, o que menos importa :-)   


De caiaque a Vientiane

Fizemos a loucura/ burrice de pegar um tour que nos prometia levar a Vientiane, nosso próximo destino, de caiaque. Melhor que ficar 4 horas dentro de um ônibus chato. Éramos em 10 pessoas, entre dinamarqueses, ingleses, holandeses, o colombiano e yo, la brasileña. Mas fique de olho, porque na verdade te levam em nada confortáveis tuk tuks até o rio onde se faz o passeio de caiaque (2 horas de trajeto), e você desce de caiaque por umas horas (umas 2 ou 3), e depois mais 2 horas de tuk tuk até a cidade. ou seja...uma ida normal de ônibus com uma parada pra fazer caiaque no meio!

Que seria legal....não fossem as corredeiras tão fortes e assustadoras! Os guias nos ensinaram antes que, se virássemos as p**** dos caiaques, era para segurarmos o remo e, com a outra mão, segurar o caiaque. Virar? Quem pensou em virar o caiaque? Claro que não, isso era fácil...até que veio a primeira corredeira, nos jogou pra cima, perdi o equilíbrio e tchibum na água...com aquelas "ondas" de rio em todas as direções, e eu e o Camilo não conseguíamos desviar o caiaque....a água me jogou longe dele, nadei até outro caiaque e só vi o nosso lá longe, abandonadinho, com a bolsa estanque com todos os nosso documentos (passaporte, carteira, câmera) boiando do lado do caiaque, amarrada nele. Era a visão do inferno ver nossa "vida" ali pendurada e boiando na água do rio...mas enfim....

O guia conseguiu desvirar o caiaque e subimos outra vez. Mas lá vem a próxima corredeira e eu me desequilibrei mais uma vez...e dessa vez era pior ainda, porque tinha aqueles redemoinhos que se formam e que, se você cai num deles, eles te jogam com toda força pra baixo, e quando você consegue subir à tona outra vez, eles te jogam pra baixo de novo! Um horror, por sorte os coletes salva-vidas, bem atados ao nosso corpo, nos ajudava "um pouco". Eu com o remo em uma mão não conseguia nadar tão bem pro lado, pra sair dele, sem contar com várias outras correntezas querendo te arrastar cada uma pra um lado.

Nadei até uma árvore com uma aranha gigante, joguei água na bichinha pra espantá-la e me agarrei ali. O Camilo lá do outro lado conseguiu desvirar o caiaque e foi até ali me buscar. Mas eu já tava com medo e queria voltar de qualquer coisa, menos de caiaque!

Passamos a seguinte corredeira sem cair (e de costas hehehe), mas veio uma poderosa logo na frente, e eu remando super forte no meio dela, e não teve jeito, mais uma queda. Deixei a água me levar até um caiaque e não saí mais dali. Paramos para comer e depois já estávamos na reta final, sem corredeira (ufa!). Mas eu saí do passeio tremendo, e com a certeza de que, corredeiras de caiaque, nunca mais! Sei que o rafting é menos difícil, mas fiquei com trauma de rio...eu hein!

Se você quer aventura, encare. Mas não são aqueles caiaques fechados, são uns abertos nem um pouco estáveis. Mas como se deve provar de tudo pelo menos uma vez na vida...não deixe de tentar só porque alguém (eu) mais caía que ficava em cima do caiaque....hehehe


Vang Vieng e a síndrome da Full Moon Party

Vang Vieng não é Laos. É um lugar que foi transformado num reduto festeiro para ocidentais no meio do caminho entre a tradição de Luang Prabang, a planície de jarros gigantes e a capital Vientiane. As pessoas que vão ali são, na sua maioria, jovens querendo passar suas tardes bebendo nos bares à beira do rio, usando uma bóia gigante pra se locomover. E ponto. Se você não quer fazer isso na sua viagem pelo Laos, vá pra lá mas opte pelos passeios de caiaque (mas veja o post sobre isso antes!), para ir ver as cavernas e lagos, etc. Porque a região é linda e cheia de coisas pra se fazer, mas acabou ficando banalizada por essa invasão festeira à là Full Moon Party.

E por que essa comparação? Uma noite andávamos pela rua principal e encontramos um inglês que resolveu parar por uns meses para trabalhar em Vang Vieng "só pela festa" que existe ali. E muita gente, quando chega a lua cheia, pega o ônibus e vai direto pra Koh Phangan, na vizinha Tailândia, para a festa mais conhecida da região: a Full Moon Party. Mas o objetivo continua o mesmo: beber até cair, tentando não "morrer na praia". Que é o que acontece de vez em quando se alguém passa do ponto - e sempre tem alguém que passa. A Lucila me mandou esse link que fala sobre este tema, e até que, embora exagerando, o cara tem um pouco de razão....

Ok, descer o rio de bóia parando nos bares é bem divertido, mas você só vê de 24 anos pra baixo por ali. Todos pintando o corpo com sprays, escrevendo coisas engraçadinhas, todos com aquelas carinhas de europeus, branquiiiiinhos, pós saídos da universidade e fazendo a tal viagem de "gap year" por 1 ano, onde a Ásia sempre está incluída por ser barata. E por ter tanta gente como eles viajando por ali...essa rota é chamada de "Banana Pancake route", porque todos os restaurantes resolveram se adaptar ao paladar ocidental e incluir algo que não seja arroz ou macarrão no café da manhã, e resolveram incluir a panqueca de banana (e suas poucas variações, como de manga ou abacaxi) no seu cardápio, algo mais doce, que todo mundo come (eu como quase todo dia). E todo mundo que faz a Banana Pancake route leva a Yellow Bible embaixo do braço, ou seja, o guia do Lonely Planet do sudeste asiático (que é amarelo). Já está tudo muito "quadradinho" e esquematizado por estas bandas, para a alegria de uns e insatisfação de outros. Mas....

Agora pra nós, brasileiros, a Ásia não é um destino muito popular e buscado. Enquanto os Europeus estão por aqui, os Brasileiros estão felizes conquistando a Europa. Então fica uma coisa meio sem pé nem cabeça. Uma brasileira, nos seus 30 e poucos anos, na Ásia, sem NENHUM brasileiro ou latino-americano ao redor (eu disse, a Ásia não é destino dos latino-americanos ainda)...sim, eu me sinto às vezes perdida!!! Ok, não é que eu não goste de passar a tarde num bar bebendo, mas com tanta natureza ao redor....eu beberia numa cidade grande, e aproveitaria ali pra outras coisas mais interessantes! E meu companheiro de viagem, o Camilo, não ajuda, já que ele não bebe. Eu até me juntei com um povo, bebi uns shots de whisky com centopéia e cobra, aquelas coisas, até subi no cabo aéreo e me joguei na água lá de cima (delícia), mas não estava com muita vontade de pagar super caro por latas de cerveja a tarde toda ali na verdade....quem sabe se eu estivesse com outras companhias, gente da minha idade, a coisa fluiria melhor. Mas com os jovenzinhos eu realmente não me senti parte da experiência. Só uma quarta parte ;) 

Mas a cidade é uma graça, tem um clima de praia, apesar de estar na beira do rio. Você chega ali e desacelera de novo. Queríamos passar só um dia, mas ficamos 2. Todos os restaurantes têm mesas elevadas, em que você tira o chinelo e sobe descalço, como se estivesse sentado no chão. E o esquisito, que acaba sendo divertido, é que eles colocam O DIA INTEIRO em todas as televisões existentes na cidade 2 únicos seriados: Friends e Family Guy. E até que entre uma panqueca de banana e outra você dá umas risadas com esses seriados....é triste estar no Laos vendo Friends, mas se você não pode vencê-los....junte-se a eles!

Qual a melhor massagem? Vietnã versus Laos

Receber uma massagem nesses países acaba mostrando também algo sobre eles. No Vietnã e no Laos, como todas as pessoas são baixinhas e magrinhas, eles usam o peso do corpo pra ajudar nas massagens. Ou seja, sim, eles sobem em cima de você. Não andaram em cima de mim, mas quase. Foi um andar sobre as mãos na verdade.

Como eu comentei anteriormente, não estava gostando da maneira que eles fazem massagem por aqui. Muito brutos, muito forte, isso pra mim não é massagem. Eu já tinha quase desistido dessa vida de "dondoca 1 vez por país" depois de Luang Prabang, mas resolvi tentar mais uma vez em Vang Vieng. Dessa vez eu escolhi a Massagem Tradicional do Laos para ver como era.

Escolhemos, eu e a Sytske, um lugar que tinha umas camonas brancas. Branco sempre dá uma boa imagem. Entramos e, pra nossa surpresa, quem iria nos massagear aquela tarde eram 2 homens! Bom, homenzinhos, baixinhos e super educados. Primeiros lavaram nossos pés (com escova!) e depois fomos, eu e minha amiga, cada uma a seu colchão, uma do lado da outra.

Eles usam o corpo deles pra ajudar na massagem! Começam pelos nossos pés usando as mãos e até os cotovelos deles, gastam bastaaaante tempo com as pernas. E até "educadamente" massageiam a sua bunda! hahaha Essa eu não esperava, mas era tudo tão profissional, e eles tão educados, enfim....pra massagear a parte interna da coxa e o bumbum eles usam os pés...te puxam pelas mãos e vão apertando com os pés, é estranho e engraçado mas não é que a coisa funciona?

Logo mais vêm as costas e ombros, daí eles sentam atrás de você, poem o travesseiro pra você se encostar neles e fazem mais ombro, pescoço e cabeça. E tudo isso misturado com alongamentos, que é o mais interessante. Na massagem tradicional deles não se usa óleo corporal nem nada: só as mãos e o corpo, por cima da sua roupa mesmo, e eles te puxam pra cima e pra baixo, e você sente os seus ossos estralarem e sua perna alongar e o seu corpo se esticar e relaxar ao mesmo tempo.

Resultado: depois de uma hora e gastando apenas 40.000 Kip, ou 4 Euros, este tipo de massagem está aprovadíssimo! Claro que eu me antecipei e pedi pra ele não fazer forte, e cada vez que ele se empolgava eu dizia um "ai" bem alto e ele diminuía a força. Da outra vez fiquei sem graça e resolvi aguentar, mas eu não tenho que aguentar não! E eu tinha visto mais gente pedindo que a massagem não fosse tão "hard", então vi que não sou só eu a sensível do lugar.

Então, até agora, Laos está em primeiro lugar como país com a melhor massagem. E que venham os próximos 3 países!

A arte de não fazer nada

Fazer nada é uma arte. Já dizia um livro que comprei há anos e que fará parte dos livros da minha mesa de centro, quando tenha uma (também gosto desse livro aqui, que comprei junto com o outro!)...estamos na nossa terceira tarde de ócio criativo e sem motivo no Laos. Não tem como ser de outro jeito, você chega aqui e desacelera. Meio-dia é o ápice do calor insuportável e a gente sempre procura um lugar pra ficar "chilling out" até umas 4 da tarde. Fazendo nada. Deitados em pufes e olhando o rio e as plantas à sua margem.

Ontem aproveitei pra escrever textos pro blog, mas hoje larguei mão e trouxe meu novo livro regalado pela Sytske, nossa nova compranheira de viagem.O Camilo mal chegou a Luang Prabang e já se uniu ao movimento LPDR (Laos Please Don't Rush).


Passamos a tarde de hoje num bar à beira do rio chamado Dyen Sabat. Camilo com seu livro The Year of Living Stupdly, eu com o meu novo Backpack, Michael, o americano, tocando o violão que faltava uma corda e a Sitske escrevendo cartões-postais. Ontem fomos ao Utopia, todo de bambu e não menos relaxante. A ordem agora é dar uma descansada no corpo e na mente, como manda o país.



Pra não dizer que não fizemos nada em 4 dias de Luang Prabang, no 1º dia fomos conhecer o food market à noite e a feira de artesanato (claro). No segundo a coisa degringolou....mudamos de hotel para um mais barato e melhor, reencontrei o espanhol que conhecemos na ilha de Cat Ba (Vietnã), trocamos dicas, e o meio do dia foi usado com internet, busca de vôos, resolver problemas com o cartão de crédito, etc...O 3º dia foi o mais dinâmico: museu de Luang Prabang e um templo pela manhã e por-do-sol numa montanha bem aqui no centro. E pronto, já fizemos demais. Vou até parar de escrever agora que já estou passando do limite admitido de atividades diárias :)

lunes, 4 de octubre de 2010

Eu nao tenho um fraco por massagens

Como pode uma pessoa não gostar de massagens? Pois é, tô me sentindo igual à Elizabeth Gilbert no livro Comer, Rezar e Amar, que foi à Índia e não conseguia meditar....eu to nos lugares com as massagens mais conhecidas do mundo, a um mês de chegar à Tailândia e querendo aprender esta arte, mas não consigo gostar dela!

Já fiz uma no Vietnam, foi minha primeira. Com óleo, bem legal, tradicional, mas doía pacas! Mas ok, tinha um pouco de drenagem linfática no meio (reconheci!), mexeu bem com vários músculos que estavam parados e doloridos, ok. Agora estou há 3 dias me recuperando da massagem de ombros e costas que fiz aqui no Laos...PQP! As massagistas são miudinhas e baixinhas, e pôe todo o peso do corpo delas apoiados nas suas mãos, que são apoiadas nas suas costas. Até aí tudo bem. O problema é quando elas apertam o ombro, e principalmente o pescoço! Quando ela pegou forte com as duas mãos na minha nuca eu me contraí toda (em vez de relaxar) porque achei que ia sair dali sem pescoço! Juro...todo mundo sai feliz e contente das suas massagens e eu saio mais dolorida, resmungando, com ódio, e acordo no dia seguinte com dor no pescoço, ombros e costas, assim não dá!

Elas são profissionais sim. Todo mundo com quem eu falo confirma os apertões, a força nas mãos, a massagem dura e pesada, etc. E não, eu não sou uma garota sensível, não mesmo.

Mas a massagem que eu gosto é aquela que acaricia, que amacia, que tira os nós, que relaxa os pontos de tensão. Aquela em que você fecha os olhos enquanto a está recebendo. Que você vira o pescoço em meia lua, que você se sente bem, sente a energia das mãos e da pessoa que está fazendo a massagem. Que você sempre fica querendo mais, e não querendo que acabe. Eu gosto dessa massagem!

Mas e onde diabos há uma massagem dessas aqui???

Já me disseram pra pedir pra pegarem mais leve, mas como é que todo mundo afirma que a tal massagem asiática é pesada e ainda gosta dela? Poxa, queria voltar uma semi-expert em massagem depois de ir à Tailândia, mas se lá dizem que ñe ainda pior a coisa, eu não quero aprender nem chegar perto de uma coisa assim. Tô até desanimando....será que se eu pedir pra pegarem mais de leve eu vou gostar da massagem? Não tenho mais vontade de usar meu corpo como cobaia (tentar mais uma vez, a última) e sair de lá dolorida - de novo.

Será que eu não nasci pra receber massagens?

Quantas dúvidas...espero voltar aqui com a solução um dia desses...e aceito sugestões, comentários e dicas :)

Queria aventura? Então toma! (ou Chegada triunfal no Laos)

No primeiro dia passamos de 10 da manhã às 8 da noite no ônibus e chegamos a Dien Bien Phu, quase na fronteira. Optamos por entrar no Laos pelo norte. Ouvimos muitas histórias de que seria um pesadelo, que a estrada era horrível, etc, mas correu tudo bem, e a vista era maravilhosa. Montanhas e rios, parecia que estávamos no céu. 




No dia seguinte paramos na fronteira, descemos todos e pegamos nossos vistos pro Laos por 32 dólares.

Depois de sair às 5 da manhã, parar na fronteira, pegar carimbo de saída, parar na outra fronteira, pegar visto de entrada, e um barco mais pra frente, estava eu bem tranquila no ônibus quase esmagada com a quantidade de gente que conseguiram colocar ali (25 pessoas + 1 galinha), lendo meu livro sobre histórias de desastres contadas pelos escritores do Lonely Planet e vendo a menina do meu lado vomitando sem parar pela janela enquanto o ônibus serpenteava entr as curvas e mais curvas da estrada de terra do norte do Laos, quando de repente....



...pufffffffff!!! Um barulho alto e longo que indicava o pior: 3 pneus furados...aque me lembraram as épocas de viagem da faculdade ("pára um pouquinho, troca o pneu, 550 quilômetros..."). O ônibus decide ir vazio até a próxima cidade enquanto nós vamos caminhando pela estrada. Ver vídeo.

Depois de 1 hora parados, troca pneu, etc, aparece um tuk tuk e conseguimos encaixar as 25 pessoas + a galinha + a bagagem e seguimos viagem. O tuk tuk ficou assim (veja o vídeo):

Decidi ir até Odomxai com os meninos porque não queria pensar, estava muito cansada. Só queria uma cama, um chuveiro, e no dia seguinte iria pra Luang Prabang. Sim, apesar de ter passado apenas 2 dias muito "curiosos" dentro de alguns ônibus, eu precisava urgentemente de um pouco mais de civilização. Fiquei chateada com o Andy que ficou me cutucando enquando eu dormia (e caía em cima dele, mas não era de propósito) e vi que já era hora de seguir meu rumo sozinha e procurar outra turma. Viajar sozinha tem essas vantagens, você pula fora do grupo quando quiser ;)

No dia seguinte, já na estação de ônibus, passagem comprada e mochila em cima do busão, comprei 3 paezinhos fritos com açúcar - que delícia! Chega de ver noodles desde as 7 da manhã, eu quero é pão com queijo e quem sabe um paõzinho doce (ou vários). É, tô achando que vou passar bem no Laos....