martes, 4 de enero de 2011

Eu quero uma rotina!


Pouco a pouco vou refazendo minha rotina na cidade. Pelo menos a rotinas dos programas “extra-curriculares”. Me inscrevi em vários grupos que organizam saídas pra dançar diversos ritmos (principalmente tango e salsa), e assim já descolo um exercício noturno pra perder as gorduras acumuladas das festas de fim de ano. Fui ao segundo encontro semanal do couchsurfing, conheci mais gente, revi novas pessoas, já espalhei também que quero fazer mais atividades de montanha esse ano, e conheci os moderadores do grupo de montanhas. 

Já estou também dando uma olhadinha em quartos pra me mudar em fevereiro. Estou agora mesmo alugando o quarto do meu amigo colombiano (sim o da viagem pelo Vietnam, Laos e Camboja), que volta na metade do mês que vem. É super bem localizado, em Chueca, do lado da Gran Via, da Calle Fuencarral, é uma maravilha. Mas é carinho e, claro, não tem lugar pra mim. E depois que eu morei na Plaza de San Miguel pagando um valor razoável, eu fiquei viciada em morar no centro de Madrid.

É por os pés em uma cidade grande para os problemas começarem a querer dar o ar da sua graça. Coisas pra comprar, um lugar pra me empadronar (sendo que eu ainda não tenho um fixo) pra eu poder renovar o visto de residência, a busca de um trabalho e de um lar. Hoje pela primeira vez eu lembrei que, há menos de um mês, minha rotina não tinha preocupação alguma. A única preocupação era saber o horário do barco à próxima cidade, e a distância a pé à praia mais bonita do local. Onde eu pudesse simplesmente deitar e ler meu livro. Na hora eu estava me sentindo a mais desocupada, onde já se viu deitar na praia e ler, tipo assim, todos os dias, durante meses? Agora eu lembro da sensação boa de fazer isso, principalmente nessa época bem fria em Madrid. Engraçado....

Estou olhando a lista de coisas que preciso levar pra renovar meu visto de residência e trabalho e quando vejo que é preciso levar a cópia do passaporte até me dá uma tremedeira....como justificar que estive “borboleteando” pela Ásia, enquanto deveria estar aqui mandando currículos e fazendo entrevistas de trabalho? Segundo me disseram, eles nem querem saber sobre isso. Mas qué dá uma angústia dá. Eu sempre tenho essa angústia na hora da decisão, ou melhor, que decidam por mim se eu continuo em Madrid ou devo sair. Até agora, em 5 anos, eu sempre consegui ficar. O destino me faz ficar, e faz com que o sistema me aceite, me renove os papéis, me dê trabalho. Então é chegado o momento de mais um tempo de angústia. Mas segundo todos os meus amigos extrangeiros, não tem porque eles não aceitarem a minha documentação. E eu acredito muito nos meus amigos! :-)

lunes, 3 de enero de 2011

Madrid, no pude vivir sin tí!


Segunda-feira depois do Reveillón. Faz 13 dias que retornei a Madrid. De mais de 30 graus em Bali (Indonésia) pra algo perto de 3 graus, que se transformaram em menos 11 quando fomos passar o Natal em uma estação de esqui a 5 horas daqui (Formigal).

Sim, o blog da Ásia ficou meio abandonado. Mas eu explico: nessa viagem os meios de hospedagem não eram sempre os melhores. A maioria na Tailândia e Indonésia não tinha internet, e alguns tinham apenas 1 tomada pra ser dividida entre três pessoas em alguns casos...isso quando a tomada não estava com uma marca queimada na parede, daí então eu nem me atrevia a “enchufar” o meu computador lá. Tirando os dias de cansaso, a luz que não podia ser acesa pra não acordar os roomates, eu acabei aderindo ao diário a próprio punho no meu caderninho, pra depois ir atualizando as histórias pouco a pouco no blog.
Então agora ele ficará um pouco confuso, com histórias daqui misturado com histórias de lá, mas um índice resolverá toda a confusão, prometo!

O fato é que é ótimo voltar, e Madrid me fez ter vontade de escrever de novo :-)

Eu levo ainda muito da viagem comigo. Coisas bobas, mas por exemplo, quando fui atravessar a rua outro dia eu parei antes da faixa de segurança. E um carro parou também e ficou esperando eu passar. Claro, tinha me esquecido que aqui os carros param pra você, e não você pra eles...e no metrô outro dia entrou um gringo perdido com um mapa na mão, e, claro, veio até mim. Me perguntava como chegar a Tribunal. Abrimos os mapa, expliquei, e descobri que ele só tinha uma tarde na cidade, então já lhe fui contando o que ele podia ver, onde podia ir e que metrô tinha que pegar até o aeroporto. O meu inglês estava “tinindo” tanto que ele não acreditou quando eu disse que era brasileira. E uma coisa que eu ando tendo raiva de alguns gringos é que eles pensam que ninguém é capaz de aprender outro idioma. “Como você fala inglês tão bem?” me perguntam às vezes. “Eu estudei”, respondo eu. E eles continuam com cara de interrogação. Agora só eles é que têm o direito de falar inglês??? Eu hein...enfim, no fim ainda cumprimentei ele com um aperto de mão, desejei bom dia em Madrid e boa viagem de volta, e saí do metrô. E o rapaz ficou me olhando como se eu fosse um fantasminha camarada hehehe. É que em Madrid é tão complicado achar alguém que explique o mundo aos gringos perdidos, que quando aparece alguém, assim, do nada, eles custam a acreditar que Papai Noel existe...Mas como eu já me vi na situação dele e já fui ajudada por anjinhos em alguns lugares, não me custa dar de volta o que já recebi, né?

Enfim, Madrid. Quando finalmente pus os pés no centro (estou morando temporariamente em Chueca), minha primeira providência foi comer o croissant de chocolate do Isolèe com um bom café com leite. Eu fazia isso uma vez por semana quando trabalhava por aquela área. Divino. Segunda providência: ir até a estátua do Urso e o Madroño, em Sol, para rever os amigos do couchsurfing e tomar uma caña no Museu del Jamón. Checked! A última das primeiras providências veio ontem: depois de dar uma passada básica no mercado dominical do Rastro (pra comprar meias, cachecóis, essas coisas iguais de básicas), fui ao bar La Ideal e fiquei na fila pra comprar o meu sanduba preferido de Madrid: o bocadillo de calamares. É incrível como nos fins de semana as pessoas fazem fila (longa) pra um sanduíche, mas ele merece.

To de volta, Madrid! Que felicidade :-)

domingo, 31 de octubre de 2010

Entre templos e abacaxis


(Corta e volta pra nossa última cidade no Cambodia: Siem Reap)

Ultimamente nossa vida estava assim: onde o tuk tuk nos deixasse, ali ficávamos. Até que os hostais indicados por eles (que deviam ganhar uma boa comissão por isso) não eram maus, os preços eram negociáveis (após a ameaça de ir procurar outro lugar, quando a gente já estava saindo pela porta), tinham internet (nem que fosse na recepção) e eram sempre no centro, a uma caminhada curta de lugares para comer, mercados, etc.

Mal chegamos à tão esperada Siem Reap e, na frente de um mercadinho, um motorista de tuk tuk nos aborda, fazendo a pergunta de sempre (where do you want to go?) e a gente dá a respota de sempre (a nenhum lugar!) – malditos tuktukeros que passam o dia inteeeeeeiro falando “tuk tuk? Tuk tuk?” pra todo mundo. Se existisse uma camiseta  com o escrito “NO tuk tuk” eu juro que compraria. Em Siem Reap era mais engraçado ainda porque, depois de um “tuk tuk?”, às vezes eles vinham com “marijuana? women?”,  ou o que você imaginar. Mas tudo amigável, nada forçado. A gente não gosta, mas se acostuma. E o tal do tuk tuk veio com o papo que o Camilo já tinha me contado antes: ele queria levar a gente pra 2 lojas na cidade. A gente só precisaria entrar, olhar, perguntar o preço de algumas coisas pra mostrar interesse, e pronto. O motorista ganharia 1 litro de gasolina grátis só com a nossa singela ajuda. Eu aceitei porque sabia que a prática era normal, e também porque, como tinha acabado de chegar, seria um “mini sightseeing” gratuito – e ainda fazendo a boa ação pro tuktukero. Fomos, voltamos, claro que ele tentou negociar com a gente pra levar-nos pros templos no dia seguinte, mas a gente já tinha decidido que ia de bicicleta, no nosso ritmo, sem depender de ninguém. 

No primeiro dia resolvemos fazer o circuito pequeno sem entrar em Angkor Wat. Explico: muita gente nos disse que fazer Angkor Wat já no primeiro dia ia tirar a graça dos outros templos, já que ele realmente é o mais imponente. Então fomos pedalando até a bilheteria (não é pertinho assim, foram mais de 20 minutos de pedalada, e depois dali outros 20 pra chegar no primeiro templo, mas como tudo é reta, fazia um sol lindo e a gente tinha água, fomos felizes e contentes). Lá eles fazem o passe de 3 dias (um dia custaria 20 dólares e 2 ou 3 dias custaria o dobro, ficamos com o de 3 dias pra ver tudo com calma, o que foi uma boa pedida) personalizado com seu nome e sua foto! Mas a foto eles fazem na hora, não precisa levar de casa.


Visitamos algum templo pequeno até chegar no Bayon, o templo das caras. Muito impressionante ver todas aquelas caras, perfeitas, iguais, sendo que as pedras são apenas encaixadas uma na outra, sem argamassa, sem juntas, pesadíssimas. Dizem que as caras são semelhantes à cara do rei que mandou fazê-las....e dentro da maioria dos templos adivinha o que a gente encontra? Buuuudaaaas, of course :)
Daí no complexo do Bayon tem o Terraço dos Elefantes, cujas paredes têm (adivinha!) elefantes em relevo perfeitos. Há paredes todinhas trabalhadas em relevos. Eu nem imagino quanto tempo esse pessoal gastou para entalhar pedra por pedra e fazer detalhes tão...detalhados!

Em alguns casos você também encontra deusas gregas dentro de molduras :P

O fato é que saímos dali super impressionados já....e se diziam que Angkor ia ser ainda melhor...eu na verdade não conseguia imaginar algo melhor que o que vimos! A não ser o vendedor de abacaxi geladinho que nos abordou na saída, oferecendo a iguaria delicadamente cortada (ou esculpida) e com um palitinho pra gente matar a sede. Ficamos comendo abacaxi (um costume que acabamos repetindo todos os dias, várias vezes por dia) e vendo os cisnes deslizando no laguinho na frente do templo... 
Vários outros templos nos impressionaram nesse primeiro dia, principalmente os que tinham escadas curtinhas e bem íngremes que, por parecerem bem chatas de subir, nos davam ainda mais vontade! Mas o campeões, depois de Bayon, sem dúvida foram os templos em que a força da natureza tomou conta. As raízes das árvores cresceram no meio das paredes, na frente das janelas, criando um espetáculo surreal e imponente.



Daí vinha inevitavelmente a parte triste: as estátuas sem cabeça (são a primeira coisa a cair, porque o pescoço não sustenta uma cabeça) e as milhares de pedras caídas...alguns tetos estavam pela metade, e as pedras ali no chão. Você olhava pro teto e via perfeitamente o encaixe que eles usavam, impressionante.
Depois a gente foi ver um pôs do sol meia-boca no templo de Phnom Bakeng,e fim. À noite ainda saí pra tomar uma cervejinha com um belga que conheci no hotel, já que o Camilo não bebe, a gente se vira como pode....

O segundo dia foi muito quente, então a gente foi se arrastando visitar Angkor. Que era sim, gigante, com paredes agradáveis (na sombra!!), vários quintais interiores, corredores infinitos, bem legal. Ele é diferente do Bayon e do das árvores (Preah Khan), impõe pelo tamanho. Passamos um bom tempo ali. Uma multidão, uma criançada, gente que resolve levar a vó de bengala pra subir e descer as escadinhas do templo....vai entender. Mas merece, é bem impressionante. E a vó de bengala que aguente o calor e o exercício! ;)



Vimos depois outros templos mais longos e não altos, com árvores dominando alguns, e voltamos pedalando. Eu levei um tombaço da bicicleta (culpa do guidon torto) e, mesmo mandando, ainda fui ver o por do sol em Angkor.
E no dia seguinte, o grande dia: acordei às 4 da madrugada, pedalei sozinha até o templo no escuro (o Camilo amanheceu com febre e ficou no hotel), só enxergava alguns trechos da estrada até lá quando os tuk tuks passavam e iluminavam o caminho...entrei no templo totalmente escuro, bem macabro! E me posicionei junto com algumas pessoas na frente do laguinho do lado esquerdo, pra esperar o nascer do sol. E ele foi nascendo...e eu fiquei horas ali, só admirando....pra fechar com chave de outro o Cambodia! Foi perfeito! (e eu prometo não me empolgar nos próximos posts e escrever tanto assim....acho que tinha ficado tanto tempo sem escrever que exagerei! Sorry!!)


Cinema na ilha


Acabo de voltar de uma sessão de cinema em Koh Tao. Sim, aqui é genial, toda noite passa filme em 2 ou 3 bares diferentes, um às 19h e outro às 21h. É só chegar e sentar. Hoje eu vi o Querido John, que filme mais lindo! Só tinha mulher  assistindo (o filme anterior foi Sex and the City 2), mas eu adorei a idéia. Bom para quem não “precisa” pasar todas as noites bebendo em bares (sinceramente eu já passei dessa fase), e prefere algo mais cultural. Querido John é lindo, me lembrou as épocas sem internet nos idos de 1995, principalmente quando eu morei na Finlândia, em que eu escrevia longas cartas o tempo todo, e esperava ansiosamente receber as respostas. É o que conta a história desse filme. Só assim duas pessoas que moravam longe uma da outra podiam viver contentes, contando suas histórias e esperando pelo desejado reencontro um ano depois. Foi uma boa fase!

Aliás, varias coicidências aqui em Koh Tao me remetem à Finlândia. Primeiro, a minha instrutora de mergulho, de Kerava, mesma cidade onde morei.  Agora esse filme com essa história. Eu adoro isso!
Desculpem a grande ausência, mas desde que entrei na Tailândia simplesmente não consegui encontrar tempo parta sentar e escrever. Os días têm sido intensos, tem dias que não quero fazer nada, só ler e ver o mar. Às vezes dividir quarto te obriga a passar tempo com as pessoas (e a gente só ganha com isso), às vezes a luz é ruim, às vezes você está se recuperando da Full Moon Party, essas coisas (agora estou num quarto só para mim, com o meu ventilador e minha caminha, e minha luz, e posso fazer o barulho que quiser que não vou acordar ninguém, ueba!). Tinha vezes que, porque as pessoas que estavam viajando comigo só queriam ficar na internet o tempo todo, sem  ao menos dar um dedo de prosa para quem estava na sua frente, e eu, em sinal de protesto, simplesmente passava longe da internet, para provar como o mundo às vezes é melhor sem  ela (pelo menos as pessoas falam mais, fazem mais companhia umas às outras e aprendem, ensinam, trocam experiências). 


Vamos ver se eu consigo ir me organizando aos poucos e colocando a casa em ordem, afinal este é o meu diario também, e eu vou querer lembrar de cada passo que dei nesse caminho asiático.

A propósito, o por do sol hoje esteve fantástico….


Aproveitando o embalo do post, ontem choveu o dia todo e eu só escrevi, comi e dormi. Então às 19h fui dar minha caminhadinha pra ver quais eram os filmes da noite e não é que ia passar A Praia? Ainda não terminei o livro, mas já passei da metade, e como pra mim não faz diferença em ler o livro antes ou depois de ver o filme (já fiz as duas coisas), entrei pra ver. Claro que eles mudam várias coisas, inventam trechos pra que o filme fique mais “emocionante”, mas o Leo di Caprio combina bem com o papel (novinho!) e a tal da praia é mesmo linda. E foi legal ver o clima de Tailândia no filme, a Khao San Road, as pessoas na festa em Koh Panghan...e tinha um baita de um Rotveiller que ia de pessoa em pessoa deitada pedir carinho....bem, agora que já sei o final, eu quero terminar de ler o livro pra ver o quanto este final foi mudado. E pronto, agora quando me perguntarem se já vi o filme, posso dizer que sim, e que o vi ao lado da praia, ouvindo o barulho das ondas, acompanhada de um pineapple shake, um rotveiller e vários gringos.

lunes, 11 de octubre de 2010

Quando o barco é o que menos importa

Este blog é pra contar coisas interessantes e algumas idéias que tenho tido nessas andanças, e não fazer um passo a passo da minha viagem.Porque, como toda viagem, há coisas menos interessantes que outras, e eu não vou ficar lotando essas linhas de histórias desisnteressantes...combinado? :)

Então corta Laos e entramos no Camboja. Sim, it's a Holiday in Cambodia, como já cantavam os Dead Kennedy's quando eu tinha uns 16 anos e ainda ouvia muito rock... Passei por Vientiane, fomos a Pakse, a 4 Thousand Islands, sem emoções enormes, e pegamos o ônibus que cruzaria a fronteira pro seguinte país e nos deixaria sãos e salvos em Phnom Penh. Claro que o ônibus quebrou no caminho, e paramos na estrada para ele ser consertado, mas nao teve jeito: a peça que quebrou essa vez era a que mantinha o ar condicionado funcionando...então continuamos a viagem "sudando como pollos" (adoro essa expressão espanhola), lendo livros, vendo itinerários, normal.


Phnom Penh foi bem interessantes, fomos ver os "killing fields", um lugar afastado da cidade onde mataram um monte de gente no regime do tal do Pol Pot. E depois fomos ver uma escola que foi transformada em presídio e lugar de tortura dessas pessoas. Bem pesado. O palácio real e a Silver Pagoda são bem lindos....mas vocês querem emoção? :-) Achei super interessante o programa noturno dos cambojanos: eles se reunem nas praças da cidade, colocam um auto-falante com música nas alturas e...dançam!!! Não parece aula grátis de aeróbica nem nada, simplesmente há algumas pessoas na frente liderando umas coreografias, e o resto do povo simplesmente segue. E todos sabem perfeitamente as coreografias, então eu acho que eles vão todas as noites dançar as mesmas danças. Achei super saudável, quase um flash mob diário. Os vídeos não ficaram lá aquelas coisas, mas aqui dá pra ver eles dançando e os carros passando na rua (super normal) e aqui dá pra ver as silhuetas das pessoas e suas coreografias. Adorei!!! Meu programa noturno com o Camilo (quando eu conseguia convencê-lo a não voltar pra frente do computador) era comprar milho cozido (adoro!) e ir sentar pra ver as pessoas dançando. (os vídeos ainda não estão disponíveis; culpa do Youtube. por favor, volte mais tarde porque valerá a pena vê-los!!)

 A parada na cidade de Battabang foi interessante, fui conhecer o trem de bambu, uma engenhoca que ainda funciona...mas se vem outro vagão de bambu na direção contrária, um dos dois precisa ser desmotando e sair da pista para que o outro possa passar. Foi interessante! E em 2 anos parece que já não haverá mais isso, e sim uma linha de trem normal, grande e sem graça. Quem andou no trem de bambu andou, quem não andou...não anda mais! 

E daí vem aquela pergunta: como ir a Seam Reap, nosso grande e esperado destino no Camboja...de ônibus por 3 horinhas ou de barco por 8 horas? :-)

Claro que escolhemos o barco. Chega de ônibus, né? Estamos achando o Camboja super caro em relação ao Laos e ao Vietnã, e o tal passeio de barco não ia fugir da regra. Ele custou 16 dólares por pessoa (só o barco, sem incluir almoço nem nada), e achávamos que ia ser um barco bem legal, confortável....até que chegamos hoje de manhã  ao píer, e vimos um barquinho minúsculo, cheio de gente, criança e sacos de arroz (até tiveram que subir 2 deles pro teto pra dar lugar pra gente), que era o tal barco a Siem Reap...decepção geral, mas não tinha muito o que se fazer. Cada um no seu lugar e zarpamos....

Não é a primeira vez que começo um passeio com uma sensação esquisita de não ter recebido o serviço certo pela quantia que paguei, mas depois de trocentas horas dentro do barco, com certeza valeu a pena! Quando me disseram (e li no guia) que o passeio era inesquecível, eu imediatamente pensei que fosse pelo barco legal, bonito, com banheiro (não era nada disso)...mas na verdade um passeio, pra ser inesquecível, precisa ter todo o resto: as casas e vilas flutuantes que vimos....as escolas e a polícia flutuante...a correia do barco que quebrou e nos obrigou a parar em umas oficinas mecânicas flutuantes pra achar a correia com o tamanho ideal...o vendedor de picolé que vinha até o barco (e vendeu pra caramba!)....mil sacos de arroz espalhados entre a gente...igarapés....o pior banheiro que fui na vida (praticamente um lugar entre 4 paredes de madeira que deveria estar suspenso na água, mas ele estava no nivel da água...nem imagine o resto!)...pequenos canais, um rio que desembocava num lago imenso....pra um passeio ser inesquecível ele precisa ter tudo isso, menos o barco....o barco é, de longe, o que menos importa :-)   


De caiaque a Vientiane

Fizemos a loucura/ burrice de pegar um tour que nos prometia levar a Vientiane, nosso próximo destino, de caiaque. Melhor que ficar 4 horas dentro de um ônibus chato. Éramos em 10 pessoas, entre dinamarqueses, ingleses, holandeses, o colombiano e yo, la brasileña. Mas fique de olho, porque na verdade te levam em nada confortáveis tuk tuks até o rio onde se faz o passeio de caiaque (2 horas de trajeto), e você desce de caiaque por umas horas (umas 2 ou 3), e depois mais 2 horas de tuk tuk até a cidade. ou seja...uma ida normal de ônibus com uma parada pra fazer caiaque no meio!

Que seria legal....não fossem as corredeiras tão fortes e assustadoras! Os guias nos ensinaram antes que, se virássemos as p**** dos caiaques, era para segurarmos o remo e, com a outra mão, segurar o caiaque. Virar? Quem pensou em virar o caiaque? Claro que não, isso era fácil...até que veio a primeira corredeira, nos jogou pra cima, perdi o equilíbrio e tchibum na água...com aquelas "ondas" de rio em todas as direções, e eu e o Camilo não conseguíamos desviar o caiaque....a água me jogou longe dele, nadei até outro caiaque e só vi o nosso lá longe, abandonadinho, com a bolsa estanque com todos os nosso documentos (passaporte, carteira, câmera) boiando do lado do caiaque, amarrada nele. Era a visão do inferno ver nossa "vida" ali pendurada e boiando na água do rio...mas enfim....

O guia conseguiu desvirar o caiaque e subimos outra vez. Mas lá vem a próxima corredeira e eu me desequilibrei mais uma vez...e dessa vez era pior ainda, porque tinha aqueles redemoinhos que se formam e que, se você cai num deles, eles te jogam com toda força pra baixo, e quando você consegue subir à tona outra vez, eles te jogam pra baixo de novo! Um horror, por sorte os coletes salva-vidas, bem atados ao nosso corpo, nos ajudava "um pouco". Eu com o remo em uma mão não conseguia nadar tão bem pro lado, pra sair dele, sem contar com várias outras correntezas querendo te arrastar cada uma pra um lado.

Nadei até uma árvore com uma aranha gigante, joguei água na bichinha pra espantá-la e me agarrei ali. O Camilo lá do outro lado conseguiu desvirar o caiaque e foi até ali me buscar. Mas eu já tava com medo e queria voltar de qualquer coisa, menos de caiaque!

Passamos a seguinte corredeira sem cair (e de costas hehehe), mas veio uma poderosa logo na frente, e eu remando super forte no meio dela, e não teve jeito, mais uma queda. Deixei a água me levar até um caiaque e não saí mais dali. Paramos para comer e depois já estávamos na reta final, sem corredeira (ufa!). Mas eu saí do passeio tremendo, e com a certeza de que, corredeiras de caiaque, nunca mais! Sei que o rafting é menos difícil, mas fiquei com trauma de rio...eu hein!

Se você quer aventura, encare. Mas não são aqueles caiaques fechados, são uns abertos nem um pouco estáveis. Mas como se deve provar de tudo pelo menos uma vez na vida...não deixe de tentar só porque alguém (eu) mais caía que ficava em cima do caiaque....hehehe


Vang Vieng e a síndrome da Full Moon Party

Vang Vieng não é Laos. É um lugar que foi transformado num reduto festeiro para ocidentais no meio do caminho entre a tradição de Luang Prabang, a planície de jarros gigantes e a capital Vientiane. As pessoas que vão ali são, na sua maioria, jovens querendo passar suas tardes bebendo nos bares à beira do rio, usando uma bóia gigante pra se locomover. E ponto. Se você não quer fazer isso na sua viagem pelo Laos, vá pra lá mas opte pelos passeios de caiaque (mas veja o post sobre isso antes!), para ir ver as cavernas e lagos, etc. Porque a região é linda e cheia de coisas pra se fazer, mas acabou ficando banalizada por essa invasão festeira à là Full Moon Party.

E por que essa comparação? Uma noite andávamos pela rua principal e encontramos um inglês que resolveu parar por uns meses para trabalhar em Vang Vieng "só pela festa" que existe ali. E muita gente, quando chega a lua cheia, pega o ônibus e vai direto pra Koh Phangan, na vizinha Tailândia, para a festa mais conhecida da região: a Full Moon Party. Mas o objetivo continua o mesmo: beber até cair, tentando não "morrer na praia". Que é o que acontece de vez em quando se alguém passa do ponto - e sempre tem alguém que passa. A Lucila me mandou esse link que fala sobre este tema, e até que, embora exagerando, o cara tem um pouco de razão....

Ok, descer o rio de bóia parando nos bares é bem divertido, mas você só vê de 24 anos pra baixo por ali. Todos pintando o corpo com sprays, escrevendo coisas engraçadinhas, todos com aquelas carinhas de europeus, branquiiiiinhos, pós saídos da universidade e fazendo a tal viagem de "gap year" por 1 ano, onde a Ásia sempre está incluída por ser barata. E por ter tanta gente como eles viajando por ali...essa rota é chamada de "Banana Pancake route", porque todos os restaurantes resolveram se adaptar ao paladar ocidental e incluir algo que não seja arroz ou macarrão no café da manhã, e resolveram incluir a panqueca de banana (e suas poucas variações, como de manga ou abacaxi) no seu cardápio, algo mais doce, que todo mundo come (eu como quase todo dia). E todo mundo que faz a Banana Pancake route leva a Yellow Bible embaixo do braço, ou seja, o guia do Lonely Planet do sudeste asiático (que é amarelo). Já está tudo muito "quadradinho" e esquematizado por estas bandas, para a alegria de uns e insatisfação de outros. Mas....

Agora pra nós, brasileiros, a Ásia não é um destino muito popular e buscado. Enquanto os Europeus estão por aqui, os Brasileiros estão felizes conquistando a Europa. Então fica uma coisa meio sem pé nem cabeça. Uma brasileira, nos seus 30 e poucos anos, na Ásia, sem NENHUM brasileiro ou latino-americano ao redor (eu disse, a Ásia não é destino dos latino-americanos ainda)...sim, eu me sinto às vezes perdida!!! Ok, não é que eu não goste de passar a tarde num bar bebendo, mas com tanta natureza ao redor....eu beberia numa cidade grande, e aproveitaria ali pra outras coisas mais interessantes! E meu companheiro de viagem, o Camilo, não ajuda, já que ele não bebe. Eu até me juntei com um povo, bebi uns shots de whisky com centopéia e cobra, aquelas coisas, até subi no cabo aéreo e me joguei na água lá de cima (delícia), mas não estava com muita vontade de pagar super caro por latas de cerveja a tarde toda ali na verdade....quem sabe se eu estivesse com outras companhias, gente da minha idade, a coisa fluiria melhor. Mas com os jovenzinhos eu realmente não me senti parte da experiência. Só uma quarta parte ;) 

Mas a cidade é uma graça, tem um clima de praia, apesar de estar na beira do rio. Você chega ali e desacelera de novo. Queríamos passar só um dia, mas ficamos 2. Todos os restaurantes têm mesas elevadas, em que você tira o chinelo e sobe descalço, como se estivesse sentado no chão. E o esquisito, que acaba sendo divertido, é que eles colocam O DIA INTEIRO em todas as televisões existentes na cidade 2 únicos seriados: Friends e Family Guy. E até que entre uma panqueca de banana e outra você dá umas risadas com esses seriados....é triste estar no Laos vendo Friends, mas se você não pode vencê-los....junte-se a eles!